Há momentos na vida em que nos sentimos presos num ciclo interminável, onde cada dia se assemelha ao anterior, numa vertigem feita de urgências, em que o simples ato de PARAR não é ponderado.  

Nesses instantes, é fácil esquecer que, dentro de nós, reside um poder extraordinário: o poder do RESET.

O poder de parar, fazer uma pausa, em que o caminho é repensado, e com um novo impulso, redesenhamos o percurso, dando voz à inquietação que nos desassossega.  O conceito de RESET convida a refletir sobre momentos de transição, tanto nas nossas vidas individuais como na sociedade como um todo. Vivemos num mundo em constante mudança, onde avanços tecnológicos, desafios ambientais e transformações sociais tornam necessásio repensar, reavaliar e, por vezes, reiniciar.

Agora, neste instante, pedimos que cada um de vós se imagine diante de um velho relógio,  daqueles que ocupavam um lugar de destaque na casa dos nossos avós, ou que nos habituamos a ver em filmes de fantasia.

As suas engrenagens estão gastas pelo tempo de uso. Os ponteiros avançam lentamente, numa tarefa incessante, que parece interminavel. Esse relógio representa a vida de cada um de nós, feita de escolhas passadas, de momentos inesqueciveis e outros que quereriamos esquecer.

Esse relógio é tão grandioso que nos enfeitiça. Ficamos fixos na sua imagem, e nem percebemos a complexidade das suas engrenagens. Olhem mais de perto, com atenção, conseguimos perceber um botão escondido, quase invisivel, mas ele está lá. Quando o olhamos com atenção, vemos como é brilhante. Esse botão, é o RESET.  

Presssioná-lo não é apagar o passado.

Pressioná-lo é assumir, com uma coragem de leão, o desejo de PARAR e RECOMEÇAR.

É dar voz ao sussurro que diz ao ouvido “acredita, tens uma nova possibilidade”.

É dar espaço e tempo para, olhando para dentro,  redesenhar o caminho, reescrever a história. Independentemete das quedas, hesitações, paragens, o RESET, lembra-nos que há sempre uma oportunidade para se levantar e tentar novamente. Sem censura, sem culpa. Com respeito por nós, com compaixão, por quem se levanta e continua o caminho, pelo nosso EU.  

O RESET é renovar-se. É olhar ao espelho, ver as cicatrizes, mas também a beleza da resistência. É perceber e aceitar que cada cicatriz conta uma história de superação, uma história de força, e não de fracasso ou insucesso. É assumir as vulnerabilidades que nos fazem a cada um, seres especiais e únicos. 

A nível pessoal, o “RESET” pode ter multiplos significados. Pode ser uma mudança de carreira, um novo começo após uma perda, ou até mesmo uma transformação interna, onde redefinimos nossos valores e objetivos. Pode ser um novo hábito que nos torna melhores, porque nos satisfaz, preenchendo vazios, que na urgência do quotidiano, procuramos ignorar, num desejo irrealista de que desapareça, como  num truque de magia.

É um convite para deixar para trás o que não nos serve mais e abraçar novas possibilidades.

É permitir-se mudar, crescer e evoluir. O momento em que escolhemos carregar nesse botão, brilhante, que é o RESET, é um tempo de entusiamo. Podemos finalmente largar o peso que nos sufoca e respirar profundamente. É semelhante a quando soltamos um balão e o deixamos voar, livre.  É semelhante ao momento em que, damos cor a uma tela em branco. Podemos escolher a cor, a forma, o material. E cada tela é unica, reflexo de quem somos.

Hoje, falamos de RESET, de pressionar esse botão, uma, duas , tres vezes…quantas forem necessárias, para sermos a melhor versão de nós próprios, não perfeita, mas verdadeira, genuina, autentica. Para seremos um original, e não uma cópia.

Mas em tempos de mudança e incerteza, também as empresas, as comunidades e o mundo podem accionar este botão.

No contexto social, o “RESET” desafia cada um de nós, e todos, a imaginar e construir um futuro mais justo, sustentável e inclusivo. Vivemos tempos de grandes desafios, como as mudanças climáticas, a desigualdade social e as crises políticas. O RESET social implica repensar como nos organizamos como sociedade, como distribuímos recursos e como garantimos que todos tenham uma voz, que seja efetivamente ouvida. Trata-se de criar um novo contrato social, baseado em princípios de equidade, solidariedade e respeito mútuo. E a crise ambiental, evidente na mudança das paisagens que nos habituamos a ver, tornam cada vez mais premente  reavaliar a nossa relação com a natureza e agir no sentido de a proteger e restaurar. Esse RESET ambiental implica adotar práticas mais sustentáveis, reduzir a nossa pegada ecológica e promover a conservação dos recursos naturais. É um alarme para a ação coletiva, onde cada um de nós tem um papel a desempenhar na construção de um futuro mais verde e saudável.

Se o RESET individual se reflete no nosso mapa relacional, em quem nos rodeia, e na forma como lidamos com o outro e o mundo, o RESET coletivo, é uma poderosa ferramenta de transformação do todo. À semelhança do individual, requer coragem para deixar para trás o que não funciona e abraçar a incerteza do novo, construindo comunidades mais resilientes, adaptáveis e alinhadas com os valores e necessidades contemporâneas.

Individual ou coletivo, o RESET é sempre um ato de esperança e renovação. Para organizações e comunidades, ele representa a oportunidade de inovar e de crescer. É  a coragem de deixar o passado para trás e a sabedoria de recomeçar com um espirito inabalavel, de quem acredita que temos o poder de escolher e a obrigação de dar voz ao sussurro que nos diz “acredita, tens uma nova possibilidade”.

Hoje, convidamos cada um de vós a ouvir essa voz e a explorar, como podemos, individual e coletivamente, abraçar a ideia de “RESET” para promover mudanças positivas.